quinta-feira, julho 31, 2008

31.07.08

Olhavamos um para o outro.
Sem o pequeno por perto.
Ali entre nós, dava para se sentir o peso imenso de toda aquela situação que vinha se prolongando por tempo demais.
Minha alma gelava em certo ponto, pois eu já sabia que fim teria aquela conversa.
E então conversamos, colocando as cartas sobre a mesa, ou como diria o pequeno, colocando os pingos nos "is".
Um enorme alívio parecia surgir em nossos olhares.
Um carinho ainda era demonstrado, mas agora acima de tudo, um respeito muito maior surgiu pela forma como tudo foi resolvido.
Ainda conversaríamos...
Riríamos...
e finalmente...
Nossas almas ficariam em paz.

quarta-feira, julho 30, 2008

30.07.08

Não havia muito tempo que tínhamos retornado. Os lançamentos ocorreram como o esperado, mas devido a problemas pessoais, não pude estar presente, nem mesmo satisfazer a companhia de meus colegas de trabalho.
A eles, continuo sendo um verdadeiro mistério.
Alguém que pode se mostrar arrogante, mas que para muitos se mostra alguém que leva seriedade extrema o trabalho que envolve a escrita.
Meu filho me observa com os cantos dos olhos e sei o que se passa na alma dele, assim como ele sabe o que se passa em minha alma.
Ambos desnorteados com os eventos repentinos...
Ambos sem saber o que dizer sobre o assunto...
Eu queria rir...
Rir muito nessas horas em que a mente gira em um turbilhão.
Onde a alma voltou a parecer estar em uma montanha russa...
Mas são nesses altos e baixos nos quais vejo o consumo de cigarro aumentando.
De preferência, busco fumar longe do pequeno.
Mas vejo-me também perdendo peso.
Onde o comer forçado torna-se uma obrigação.
Onde risos acontecem repentinos ao sentir o coração apertar e as lágrimas tentarem escapar.
- Você gosta de tristeza... Não posso ajudá-la. Você escolheu viver assim.
Agradecia pelo pequeno não estar acordado quando escutei isso.
Por que ri. Ri com o gosto amargo dessas palavras de alguém que não compreende o que é viver... Conviver com a tristeza por tanto tempo na vida...
Onde os poucos momentos felizes que tive ao lado de alguém, não passaram de ilusões.
Arrependimentos?
Não... No Ultimo caso...
Caso... casamento... que seja eterno enquanto dure...
- Por que as coisas têm que ser tão difíceis para mim, Destino?
Não consegui conter as lágrimas... Não consigo conter...
34 anos de busca...
Sejam bem vindas de volta...
Noites insones...
Falta de fome...
Lágrimas no escuro...
"mas às vezes você tem alguém que ilumina esta escuridão"
Sim.. ainda há momentos que a luz consegue penetrar o abismo...
Mas muitas vezes ela fraqueja.. e torna-se fria.

quinta-feira, julho 10, 2008

10.07.08

Há muito eu não pousava meus pés novamente no Brasil. Eu tinha lá meus motivos para não querer retornar. Mas depois de todos os problemas com os ex-da vida, meu mundo andou dando reviravoltas. Minhas madeixas quase não apresentam mais sinais da tinta vermelha que um dia usei na vida. Meus pulmões agradecem por ser um dia ou outro que dou uma de fumante inventerada... Nos demais dias, ou dois cigarros ou um.. ou nenhum. Depende da ocasião.
O prazo tem corrido, tenho a minha mente me cobrando a resenha que eu devia ter feito há pelo menos um mês e meio atrás e ao menos agora observo uma aliança ao meu dedo com extremo carinho. Sim... Era hora de voltar para os braços de meu marido, depois de tanto tempo longe.
Mas em meio a tantas correrias, meu pequeno olhava-me com seus olhos brilhantes de curiosidade:
- Mas porque você não poderá ir ao lançamento? São dois livros!!! Já contei até para a minha professora!!
Suspirei. Não havia como escapar daqueles suspiros ante uma explicação. Sentei-me ao lado dele, contendo a vontade psicológica de acender um cigarro e suspirei longamente.
- Eu terei os livros depois, mas no momento do lançamento não terá como ir e eu não conseguiria ir, sem você e...
- Meu novo pai! - falou-me sorrindo e de mim ele recebeu a minha resposta como um sorriso.
Eu podia notar naquele tom de voz do pequeno, que meu atual marido era o pai que meu filho realmente desejava ter na vida. Não o culpava de suas outras decepções. O pequeno passou por poucas e boas junto comigo.
Um Pai que era o biológico, mas que não sabia ser pai. Às vezes bruto demais em seu desjeito com crianças e principalmente filho. Um pai que foi tão mimado que agora os próprios pais tinham medo quando ele explodia em uma raiva irracional. Para a minha sorte ele está bem longe do meu filho.
Outro dois supostos pais.. os quais eu nem faço questão de comentar aqui.. Perda de tempo completa, que apenas me causou desgosto, lágrimas e uma raiva grande o suficiente para pensar em olho por olho...
Mas agora... Este novo pai, este meu marido atual... Tenho percebido que as pessoas são um tanto quanto incrédulas ao que confrontam uma história de amor digna de filmes e histórias escritas por grandes autores.
Nos encontramos assim.. por um "Acaso de Destino"
Você não acredita em acasos e coincidências? Eu também não. (rs)
Mas é bom conhecer Destino pessoalmente e travar longas conversas com ele nas noites infindáveis, onde Morpheus o olha com os cantos dos olhos, em seu humor mórbido de sempre, relembrando ao irmão que eu devia estar dormindo. Destino, como sempre, murmura em sua voz que relembra o farfalhar de folhas de um livro antigo.
- "Se não fosse por mim, eles talvez não tivessem se encontrado. Você a ajudou como pôde e eu também a ajudei como podia".
Não vou nem me aprofundar nesta conversa entre os dois, ou se não vocês dirão:
- Volte a fumar, McKellen!
Mas voltando a seriedade desta conversa...
Meu atual marido é alguém que encanta, alguém companheiro, alguém que mergulha nas batalhas e que se reergue. É alguém a quem meu filho, quando o viu pela primeira vez o chamou de Pai.
Não preciso dizer mais, não é?
Agora estamos ambos, amantes da escrita, nos lançando com mais ferocidade no mercado literato. Batalhando como guerreiros ferozes as nossas batalhas e nos amando mais a cada dia que passa.
Quanto ao nosso filho.. Sim digo nosso porque meu filho mesmo assim se declarou... Ele observa estas batalhas com seus olhos radiantes de quem um dia também participará das batalhas.. Principalmente agora que estamos de volta ao Brasil.