terça-feira, dezembro 30, 2008

30.12.2008

O pequeno se encontra muito tempo na casa do Pai.
O que me deu uma chance considerável de dormir e me entregar à minha depressão como há muito não fazia.
Muito tempo pensando, escutando conselhos para me cuidar, às vezes sabendo por intermédio de meus agentes que as pessoas se preocupam comigo.
Às vezes sabendo que não sou bem quista.
Às vezes rindo por pensar se ainda vale a pena ou não escrever.
Então sou pega de surpresa, com as pessoas que reanimam meu lado de escrever, que dizem o quanto sou importante, o quanto faço diferença na vida delas e por essas pessoas, que às vezes choro, que às vezes sorrio e que às vezes me pego na vontade de manter este meu lado escritor.
Mas eu tenho um lado protetor.
Muitas vezes para proteger as pessoas que amo, me afasto, me isolo, me entrego às sombras de minha vida e então choro.
Choro sentindo um aperto no coração, enquanto as lágrimas escorrem na busca de alguém que me proteja de mesma forma.
E mesmo quando surgem essas pessoas, eu recuo, com aquela dor intensa no coração, pedindo para elas se afastarem, para me deixarem com o peso do mundo, porque eu sei, sei que nesses momentos não me contenho, deixo as palavras escaparem, eu firo.
Firo com a espada, afastando-as de mim, pedindo para me deixarem só, no abismo, na solidão.
Às vezes vista como ingrata, mas sabendo que faço isso apenas para protegê-las de um mal maior que vejo e que se desenrola nas linhas que escrevo.
Então escrevo...
Escrevo para o mundo...
Escrevo para poucas pessoas...
Escrevo para ninguém...
Apenas escrevo...
Pois meu acalento se encontra nas linhas que um dia serão lidas.
Fim de ano...
Nunca foi fácil para mim...
Compreendam.

quarta-feira, novembro 19, 2008

19.11.2008

Cansada.
Extremamente cansada.
Dia após dia, o estafante trabalho tem me sugado as energias.
Trabalho Noturno, trabalho diurno, trabalho diurno e noturno.
Trabalho no qual é necessária uma dose de paciência, de conhecimento e de lábia, onde a voz precisa estar no timbre ideal, o sorriso espontâneo, o jogo de cintura perfeito, mais paciência, o olhar sério para os demais colegas, o respirar fundo, o controle dos brios para não perder a compostura com os manda-chuvas e finalmente o desgaste completo, físico e mental, quando o corpo recusa e luta um pouco mais, ao repassar tudo o que ocorreu e simplesmente perceber que mais uma vez o corpo se entregou ao sono e sequer percebeu este fato.
Trabalho em que os olhos percorrem as linhas, em que as costas judiam, que o corpo pesa e a cabeça balança para ver se desperta, bocejos que são dados, corpo que é esticado, corpo que escorre pela cadeira e o pescoço encontra o apoio a ela, braços pendendo, corpo pendendo e o abrir dos olhos assustados, um novo ajeitar, a mente a se estafar, a criatividade a voar, voar para longe, para bem longe dos pensamentos, a cama convidando, os olhos pesando, o relógio correndo e as palavras desabando, desabando junto ao corpo, junto à cama, junto às cobranças que falta muito pouco, falta pouco tempo, muito pouco tempo e o atraso se aproxima com a mente a gritar que a Rainha de Copas cortará minha cabeça, então como lebre corro, meus dedos correm, minha mente para... as palavras fluem e me assombro, pois tal trabalho, mesmo em meu completo cansaço ainda é admirado.
Trabalho estafante, estafante trabalho, trabalho que me arranca da cama quando o corpo começa a descansar, é um corre para lá, é um corre para cá, cobranças, cobranças, cobranças e eu ainda tenho que me arrumar, arrumar, arrumar e quando vejo há o badalar, seguro, corro, falo, falo e falo mais um pouco, o corpo cansado mostra sinais, mas ainda há muito mais, corro mais um pouco, corro para lá e para cá, liga, apita, digita mais um pouco, o corpo querendo continuar e o cansaço querendo me vencer, os olhos piscam um pouco e quando vejo já é hora de correr, cigarro, passos apressados e corro mais um pouco, vozes altas e tantos outros mais correndo um pouco, mais falares, mais silenciares, amis olhares atentos, olhares a se fecharem e a voz a me cobrar, cobra mais um pouco, cobra muito mais e com paciência atendo aquilo que está plausível, aceitável, mesmo que eu me esgote muito mais e quando penso que meu corpo sucumbirá, eis que a Lebre corre, passa, grita e mostra os ponteiros, então me despeço do trabalho que suga-me por inteiro, por completo, mente, alma, energias, sorrisos e beijo a fronte do pequeno que me é tão custoso, mas perto dos outros trabalhos, o trabalho de ser mãe tem suas recompensas.
Agora acho que dá para descansar um pouco.

segunda-feira, novembro 10, 2008

10.11.2008

Alguém sabe como mudar as trilhas do Destino?
Alguém sabe como encurtar as Distâncias?
Alguém sabe como tornar o mundo mais leve...
As lágrimas mais doces...
O nó na garganta mais suportável?
Quem quer que venha ler estas palavras, pode vir a achar que estou decepcionada com algo, mas isso foge em muito da profundidade de minhas palavras ou de minhas ditas "angústias".
Como escritora, que há tempos anda sem inspirações ou motivada para responder as cartas dos poucos e verdadeiros fãs que possuo, hoje parei para pensar mais arduamente em um assunto que vem sussurrando em minha mente.
Dizem que as trilhas do Destino são determinadas e que temos que passar por aquilo que ele quer que a gente passe.
Na verdade não é bem isso...
Destino nos oferta milhares de trilhas e nós temos que ter sapiência em escolhê-las.
Às vezes, vamos tão determinados por um certo caminho, que mais à frente um sentimento nos assola.
- Terei errado e se eu tivesse pego aquele outro caminho?
Então começamos a nos sentir culpado, e como nossos inimigos adoram ver isso em nossas almas.
Eles sorvem nossas dores, nossas angústias, e como predadores vorazes, a bebida dos deuses para eles, são as nossas lágrimas.
Quanto ao encurtar as distâncias...
Bom...
Dizem que a internet veio para isso. Para encurtar as distâncias. Para torna gratuita as ligações interurbanas, para vermos quem está do outro lado do mundo, mas sinceramente...
Eu acho que a Internet veio para tornar mais dolorosa ainda a existência da distância geográfica.
Como grande fã de Sci-Fi, sou daquelas que torce para que o teleporte seja logo descoberto, ou que a minha alma se eleve o suficiente para que eu, em um piscar de olhos, possa estar aonde quero estar.
Huuum...
Pensando bem, acho que tenho um lado um tanto quanto anarquista, ou caótico mesmo.
Já parou para pensar nas milhões de pessoas que eu estaria demitindo?
Construtores de carros, empresas de combustível, motoristas que vivem de levar as pessoas de um lado para o outro... Aviação, pilotos... Formula Um... Navios... Capitães... Astronautas... NASA... Até mesmo os lixeiros perderiam seus empregos...
YEAH.... Acho que é por isso que até agora os cientistas não revelaram para o mundo que eles estão a um passo de apresentar o teleporte para nós meros mortais.
U-Hú... Não será a água e o combustível que criarão a crise mundial, mas o Teleporte.
Recomponha-se Keyra, não percebe que tem olhares intrigados ao teu redor?
Ca-hãm....
Tornar o mundo mais leve.... Tornar o mundo mais leve... Aonde é que eu estava com a cabeça quando perguntei se alguém sabia como tornar o mundo mais leve?
Bom...
Esqueçam esta parte impensada...
Pulemos para a outra parte.
Não me olhe desta forma achando que sou louca quando perguntei se alguém sabe como tornar as lágrimas mais doces.
Opa...
Por que você está me olhando desta forma e está segurando uma camisa de força?
Para! Pera lá! Deixe-me explicar uma coisa...
Dizem que os Anjos, possuem lágrimas doces...
Doces não seria bem a palavra certa, mas tipo, elas não possuem aquele gosto salgado, sabe?
O sal contido nas lágrimas, é advindo de uma série de acontecimentos...
Antigamente nós tolos mortais, éramos agraciados com a visão dos Anjos, mas que por termos ousado e não termos sidos submissos por completo ao grande criador, nossas lágrimas ficaram salgadas, para que, com isso, não pudessemos mais enxergar a grandiosidade de toda a criação.
Ou seja, fomos proibidos de ver os Anjos, o Éden e até mesmo o outro lado da história.
Uma pena...
Por isso que eu gostaria de descobrir uma forma de voltar a ter minhas lágrimas "doces", pois você não acha uma tremenda injustiça ficarmos alheios a tudo o que ocorre?
É como se eu estivesse dopada na maior parte do tempo e eu não quero mais isso...
Eu quero o Caos.
Em sua essência pura.
Bela...
E Terrível.

sexta-feira, outubro 17, 2008

17.10.08

Estou devendo algumas coisas para algumas pessoas.
Textos e mais textos, ao menos, vamos ver...
Um...
Dois...
Três...
É. Ao menos três, já que na verdade eram quatro e estou reduzindo a quantidade.
Falta de criatividade?
Leitores que não estão me satisfazendo?
Não.
Na verdade não.
Hoje eu estava conversando com uma de minhas leitoras.
Uma pessoa inteligente e ao mesmo tempo sensual.
Cativante e que por um breve momento poderia ter enxergado algo mais, mas agradeci pela conversa ser por meio virtual...
Nada mais de cabelos com pontas avermelhadas e revoltos...
Esta escritora se sente em uma fase meio...
Vazia...
Não.. acho que não seria bem isso...
Não depois daquilo...
Brrr... Nem posso alegar que é um alter-ego meu sombrio que se manifesta e não me dou conta.
Pelo contrário...
Apenas suspiro, penso que a pizzaria não tem mais pizza de chocolate com morango, pois os clientes não estavam pedindo e eles estavam perdendo demais aquele fruto maravilhoso que as crianças mais novas dizem:
Qué Murango...
Acho que devo agradecer à leitora que induziu o desejo de mUrango em mim.
- Tá vendo o que você faz? - murmuro baixo com um sorriso sacana nos lábios, desejando nesse momento um cigarro para esquecer um pouco a fome, o atraso da entrega de Pizza de 3 sabores...
Calabresa para o Pequeno...
Milho - porque há muito tempo não como pizza desse sabor... é sempre engraçado por sinal, ver o quão Jedi posso ser em comer sem derrubar um grão sequer...
e Chocolate com pêssego...
Huuum... Pêssegos... Não é Murango, mas também tão tentador quanto...
Eis aqui meu momento para atiçar os pensamentos...
Já sorveu a calda de um pêssego, roubando o fruto de uma boca alheia?
Bom... um breve sorriso sacana desta escritora, já que o pequeno clama por comida e a Pizza tá demorando um bocado.
- Calma, Pequeno, eles já devem estar chegando... Huuum.. não quer trocar o PS2 por desenho?

sexta-feira, outubro 03, 2008

03.10.08

As reclamações continuam sobre eu fumar demais. Mas agora a amplitude de tudo aumenta, com o fato que voltei a beber, perdi peso e tenho entrado em uma estranha letargia.
- Você precisa se cuidar.
- Você precisa se cuidar.
- Você precisa se cuidar.
Três formas diferentes de escutar o mesmo pedido, pois as três possuem significados diferentes em suas devidas preocupações.
Confesso que andei meio negligente, já que a minha mente estava cuidando de outros assuntos particulares, mas ontem percebi que certas pessoas brincam com o que não devem.
Além de escritora de resenhas, matérias e alguns contos publicados em impressos, ou virtualmente; amigos e amigos dos amigos, possuem uma visão interessante sobre a minha pessoa.
Eu, em meu sarcasmo e jeito de dar os ombros, digo que sou um espelho que reflete a alma daqueles que me observam ou que se aproximam.
Outros, em seu deslumbramento ou não, dizem que sou uma pessoa bela, maravilhosa, inteligente, carismática, sincera, uma alma liberta.
Raros, dizem que sou uma força da natureza.
Esporádicos, são aqueles que dizem que sou uma das pessoas mais fortes que já conheceram.
Mas se tornando freqüentes, são aqueles que me vêem como anjo.
O que sou realmente?
Às vezes me pergunto em minha teimosia de dizer que sou uma pessoa solitária, quando muitos dizem o contrário.
Não sou solitária?
Bom... Se for ver pelo meu circulo social, as pessoas que me acompanham, são aquelas que têm uma vida social bem ativa, com vários amigos, que vivem sorrindo, se divertindo, enquanto eu fico ali, estranhamente letárgica em minha cama, com o telefone silencioso e sendo lembrada apenas depois que a farra está finda.
Talvez por não sair muito, ou talvez por trabalhar muito nos horários em que todos se divertem.
Não sei.
Apenas sei que certas pessoas não deviam brincar com aquilo que desconhecem.
Mas o que seria este algo que elas desconhecem?
Apenas dou a dica.
Três vezes mais forte retorna o mal desejado.
Se fosse o meu pequeno a escrever, sei que ele pegaria uma frase clichê:
- E aí? Vai encarar?
Mas já que sou eu quem vos fala, digo:
- Está preparada(o) para as conseqüências de seus atos?

segunda-feira, setembro 01, 2008

01.09.08

“Você fuma demais, Keyra”! – comentou um rapaz ao ver que eu já tinha consumido ao menos quatro cigarros desde a hora que ele chegou à empresa. Agoniado, tentava soltar brincadeiras, até mesmo me ajudar a consumir o cigarro para que eu fumasse menos.
Não adiantava, eu apenas olhava para ele com cara de quem ri de uma piada sem graça, apenas para não deixa-lo sem a mesma.
“Você está pálida demais, Keyra”! – Mais comentários que chegavam até a minha pessoa, vindo de outros lados.
E desde que eu voltei ao Brasil com meu filho.
Desde os últimos eventos.
Tenho vivido a minha vida como escritora, mãe e fumante inveterada.
Ainda rio ao lembrar o quanto isso deixava o pessoal agoniado a me ver fumando a quantidade de cigarros que eu estava a fumar.
Propagandas e mais propagandas sobre os males desse vício pareciam apontar o dedo como gigantes que condenam os tolos mortais.
Mas eu não ligava.
Não me importava realmente.
Muitas pessoas se preocupando, por verem tantas sombras ao meu redor, tão preocupadas achando que eu não possuo mais aquele brilho. Dizendo que cultuo a tristeza e não sei viver sem ela.
Acho que posso contar os anos em que fui feliz. Poucos, perto da idade que tenho e ultimamente ando tão cansada...
Algumas pessoas diriam que crio ilusões, mas não se trata disso.
Foi-se o tempo que derramei lágrimas por um amor idealizado, um amor que acreditei... Que cheguei a acreditar que faria minhas buscas encerrarem.
Minhas buscas encerraram...
Encerraram por não agüentar mais pensar que um amor duradouro... Daqueles típicos comerciais de margarina... Açucarados... Baunilhados... São verdadeiros.
Às vezes chego a me chamar de hipócrita em frente a um espelho, ao tentar fazer com que amigos meus acreditem nessa ideologia... Mesmo sabendo que um dia, eles podem vir a ficar com o corpo vazio... Com olhares vazios... Com semblantes franzidos... Rindo...
Incrédulos...
Amargurados com a vida.
“Tenho medo do que palavras como essas podem causar em você, Keyra”!
Não podem causar mais nada, não a partir do momento que o amor é visto de um prisma diferente...
E em frente a um espelho, rangendo o maxilar por um tempo... Saio para a rua... Onde os dias voltaram a ser como outros dias quaisquer... Onde a fumaça escapa de meu pulmão, fazendo formas espirais...
Onde meu olhar voltou a contemplar o Horizonte...
E em algum lugar da minha mente...
Um velho grupo voltava a cantar com a mesma intensidade de sentimentos enquanto escrevo essas linhas.

“Pessoas circulam tentando viver
Mas a vida passa e ninguém a ver
Perdidos no tempo
Tentando sair
As luzes se apagam e eu aqui
Tentando mudar o que não vai ser mudado
Tentando criar o que já foi criado

O tempo passa e a gente tenta esquecer
O horizonte está ali, mas não se quer ver
Horizonte perdido
Qual a certeza de viver
Horizonte perdido
Eu não quero crescer

É há loucos que lutam sem saber o motivo
Se esquecem das horas
Se deixam cativos
De uma sede incansável que não se perturba
Não pede licença
Não pede desculpas

O tempo passa e a gente tenta esquecer
O horizonte está ali, mas não se quer ver
Horizonte perdido
Qual a certeza de viver
Horizonte perdido
Eu não quero crescer

Mas o tempo não se ilude
Tanta certeza que ficou
Por trás de cada porta que alguém fechou
E então nos embriagamos
Com as cores que se mostram
E sequer notamos, o quanto nos forçam
A esperar um novo dia
A esquecer a rebeldia

O tempo passa e a gente tenta esquecer
O horizonte está ali, mas não se quer ver
Horizonte perdido
Qual a certeza de viver
Horizonte perdido
Eu não quero crescer”

(Horizonte Perdido - Heróis do Dia – LP Traçado a Giz)

quinta-feira, julho 31, 2008

31.07.08

Olhavamos um para o outro.
Sem o pequeno por perto.
Ali entre nós, dava para se sentir o peso imenso de toda aquela situação que vinha se prolongando por tempo demais.
Minha alma gelava em certo ponto, pois eu já sabia que fim teria aquela conversa.
E então conversamos, colocando as cartas sobre a mesa, ou como diria o pequeno, colocando os pingos nos "is".
Um enorme alívio parecia surgir em nossos olhares.
Um carinho ainda era demonstrado, mas agora acima de tudo, um respeito muito maior surgiu pela forma como tudo foi resolvido.
Ainda conversaríamos...
Riríamos...
e finalmente...
Nossas almas ficariam em paz.

quarta-feira, julho 30, 2008

30.07.08

Não havia muito tempo que tínhamos retornado. Os lançamentos ocorreram como o esperado, mas devido a problemas pessoais, não pude estar presente, nem mesmo satisfazer a companhia de meus colegas de trabalho.
A eles, continuo sendo um verdadeiro mistério.
Alguém que pode se mostrar arrogante, mas que para muitos se mostra alguém que leva seriedade extrema o trabalho que envolve a escrita.
Meu filho me observa com os cantos dos olhos e sei o que se passa na alma dele, assim como ele sabe o que se passa em minha alma.
Ambos desnorteados com os eventos repentinos...
Ambos sem saber o que dizer sobre o assunto...
Eu queria rir...
Rir muito nessas horas em que a mente gira em um turbilhão.
Onde a alma voltou a parecer estar em uma montanha russa...
Mas são nesses altos e baixos nos quais vejo o consumo de cigarro aumentando.
De preferência, busco fumar longe do pequeno.
Mas vejo-me também perdendo peso.
Onde o comer forçado torna-se uma obrigação.
Onde risos acontecem repentinos ao sentir o coração apertar e as lágrimas tentarem escapar.
- Você gosta de tristeza... Não posso ajudá-la. Você escolheu viver assim.
Agradecia pelo pequeno não estar acordado quando escutei isso.
Por que ri. Ri com o gosto amargo dessas palavras de alguém que não compreende o que é viver... Conviver com a tristeza por tanto tempo na vida...
Onde os poucos momentos felizes que tive ao lado de alguém, não passaram de ilusões.
Arrependimentos?
Não... No Ultimo caso...
Caso... casamento... que seja eterno enquanto dure...
- Por que as coisas têm que ser tão difíceis para mim, Destino?
Não consegui conter as lágrimas... Não consigo conter...
34 anos de busca...
Sejam bem vindas de volta...
Noites insones...
Falta de fome...
Lágrimas no escuro...
"mas às vezes você tem alguém que ilumina esta escuridão"
Sim.. ainda há momentos que a luz consegue penetrar o abismo...
Mas muitas vezes ela fraqueja.. e torna-se fria.

quinta-feira, julho 10, 2008

10.07.08

Há muito eu não pousava meus pés novamente no Brasil. Eu tinha lá meus motivos para não querer retornar. Mas depois de todos os problemas com os ex-da vida, meu mundo andou dando reviravoltas. Minhas madeixas quase não apresentam mais sinais da tinta vermelha que um dia usei na vida. Meus pulmões agradecem por ser um dia ou outro que dou uma de fumante inventerada... Nos demais dias, ou dois cigarros ou um.. ou nenhum. Depende da ocasião.
O prazo tem corrido, tenho a minha mente me cobrando a resenha que eu devia ter feito há pelo menos um mês e meio atrás e ao menos agora observo uma aliança ao meu dedo com extremo carinho. Sim... Era hora de voltar para os braços de meu marido, depois de tanto tempo longe.
Mas em meio a tantas correrias, meu pequeno olhava-me com seus olhos brilhantes de curiosidade:
- Mas porque você não poderá ir ao lançamento? São dois livros!!! Já contei até para a minha professora!!
Suspirei. Não havia como escapar daqueles suspiros ante uma explicação. Sentei-me ao lado dele, contendo a vontade psicológica de acender um cigarro e suspirei longamente.
- Eu terei os livros depois, mas no momento do lançamento não terá como ir e eu não conseguiria ir, sem você e...
- Meu novo pai! - falou-me sorrindo e de mim ele recebeu a minha resposta como um sorriso.
Eu podia notar naquele tom de voz do pequeno, que meu atual marido era o pai que meu filho realmente desejava ter na vida. Não o culpava de suas outras decepções. O pequeno passou por poucas e boas junto comigo.
Um Pai que era o biológico, mas que não sabia ser pai. Às vezes bruto demais em seu desjeito com crianças e principalmente filho. Um pai que foi tão mimado que agora os próprios pais tinham medo quando ele explodia em uma raiva irracional. Para a minha sorte ele está bem longe do meu filho.
Outro dois supostos pais.. os quais eu nem faço questão de comentar aqui.. Perda de tempo completa, que apenas me causou desgosto, lágrimas e uma raiva grande o suficiente para pensar em olho por olho...
Mas agora... Este novo pai, este meu marido atual... Tenho percebido que as pessoas são um tanto quanto incrédulas ao que confrontam uma história de amor digna de filmes e histórias escritas por grandes autores.
Nos encontramos assim.. por um "Acaso de Destino"
Você não acredita em acasos e coincidências? Eu também não. (rs)
Mas é bom conhecer Destino pessoalmente e travar longas conversas com ele nas noites infindáveis, onde Morpheus o olha com os cantos dos olhos, em seu humor mórbido de sempre, relembrando ao irmão que eu devia estar dormindo. Destino, como sempre, murmura em sua voz que relembra o farfalhar de folhas de um livro antigo.
- "Se não fosse por mim, eles talvez não tivessem se encontrado. Você a ajudou como pôde e eu também a ajudei como podia".
Não vou nem me aprofundar nesta conversa entre os dois, ou se não vocês dirão:
- Volte a fumar, McKellen!
Mas voltando a seriedade desta conversa...
Meu atual marido é alguém que encanta, alguém companheiro, alguém que mergulha nas batalhas e que se reergue. É alguém a quem meu filho, quando o viu pela primeira vez o chamou de Pai.
Não preciso dizer mais, não é?
Agora estamos ambos, amantes da escrita, nos lançando com mais ferocidade no mercado literato. Batalhando como guerreiros ferozes as nossas batalhas e nos amando mais a cada dia que passa.
Quanto ao nosso filho.. Sim digo nosso porque meu filho mesmo assim se declarou... Ele observa estas batalhas com seus olhos radiantes de quem um dia também participará das batalhas.. Principalmente agora que estamos de volta ao Brasil.